Divagações da escritora



Fumo meu Classic made in Paraguay (são tempos difíceis) e leio Versificação Portuguesa, um livro que ganhei de presente do meu filho, além do fabuloso de contos de Lygia Fagundes Telles. 


Olho pras paredes do meu quarto, agora novinhas, pintadas da cor que eu escolhi, embora não soubesse que fosse um laranja tão chamativo, quase vermelho.


Penso que é preciso mesmo um ambiente inspirador para desenvolver o exercício da escrita, ao menos a literária. 


E eu preciso estar assim, rodeada de cores e livros para a mente viajar, passear por outra dimensão.


Há dias de estiagem poética sim, mas até mesmo nesses dias temos que tentar, exercitar, fazer fluir... Uma hora as letras surgem, a palavra se solta e o oceano da escrita jorra de dentro da gente. 


Enxergo meu Shopenhauer de bolso - A arte de escrever e, percebo que devo ler ele de novo. Sempre devemos nos cercar de boa e necessária literatura. É assim que a gente não se sente tão só nesse universo solitário de escrever. 


E penso no dodecassílabo, nos versos marcados, na métrica que alguns têm... Meus versos explodem de mim...


Passado esse processo, a escrita não é mais nossa e nem nos sentimos tão sós assim, por que já pensamos que vem se juntar a nós o leitor, a leitora. Carecemos desse feedback, de algum retorno que seja, daquele que nos lê.


Quem será que vai ler, no hoje, no agora ou num futuro distante... 


Escritor pensa dessas coisas, nessa imortalidade inexplicável e, nisso, a preocupação de deixar algum legado. 


Escrevo diários, exercício de uma vida, preciso deles, mas quase nunca os leio pois, temo me deparar com uma pessoa que desconheço. Será que a gente se conhece? Você se conhece?


Melhor evitar esse encontro fortuito, pelo menos não no tempo presente.


Então para que serve escrever em diários? 


Às vezes me ocorre, que depois que eu morrer, quando já estiver em outro plano, alguém vai se interessar em saber como eu vivi, quem sabe netos, bisnetos, ou pessoas que me conheceram e leram meus livros. Sim, eu pretendo escrever alguns livros, e já estou nesse processo de lançar pro mundo um deles. 


Deve ser por isso que emane de mim tanta sensibilidade nesses últimos dias. 


O processo de parir a primeira obra é custoso, às vezes tem que vir à fórceps, noutros surge naturalmente. 


No meu caso foi preciso fazer sangrar com o bisturi que corta a alma, precisei morrer e nascer de novo para dar vida à obra da vida. 


Essa que muito em breve entregarei nos braços de vocês - O meu Caminhos in Versos que está para nascer.


Enquanto isso, vou preenchendo o meu diário, o da vida, com passagens reais em tempos surreais.







Comentários

  1. Texto leve, encantador e que nos faz refletir sobre o diário de vida que cada um escreve diariamente.

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    1. Obrigada querido, a ideia é propor essa reflexão mesmo da vida da gente...

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  2. Adorei baixinha. Inclusive dificilmente consigo ler coisas antigas, justamente por esse medo hehehe Boa sorte no processo criativo, tenho certeza que vem coisa boa por aí.

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    1. É né Fabinho, eu tenho até medo do que vou encontrar kkk. Obrigada pela força querido.

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  3. Uma viagem passear por suas palavras, quase me senti escritor ai imaginar tamanha força de vontade a produzir pensamentos e viagens por palavras....

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    1. Que bom isso, Paulo, é minha maneira de externar o que sinto.

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  4. amei a maneira como externaliza o teu Eu interior, dá formato aquilo que quem sabe as pessoas não consigam compreender.

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    1. Fico muito feliz ao ver que consigo me aproximar dos meus leitores assim, de maneira a ser bem compreendida nas minhas reflexões. Obrigada Lucas.

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  5. Uma condução habilidosa, que vai narrando de dentro prá fora.

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