De encantamentos para todos nós


Todos e todas nós precisamos nos encantar com alguma coisa nessa vida. É preciso
encanto para pulsar, eu diria. E nada mais encantador que as artes, a música, o teatro, o
cinema, a pintura; a poesia que dá vida. Por que poesia não são apenas poemas métricos,
sonetos ou versos.

Existe poesia em quase tudo que vemos e sentimos. Existe poesia até na morte, por que
é uma passagem ao desconhecido...

Sim, estamos sensíveis. É chegado o mês de agosto e com ele, para mim, chega um
novo ciclo. Que desperta o que tenho de mais entranhado – a sensibilidade.

Por isso, nessa quarta-feira de poesia, o Bloguinho vem carregadinho de encantamento,
de um poeta descoberto nesse mundo de virtualidades virtuosoas, de psicodelismo on-
line em tempos de Pandemia.

Hoje o nosso convidado é:
“um carioca do teatro de rua,
da música na praça.
Radialista de profissão,
Técnico de áudio por opção”,
e confirmamos o que disse Padre Lúcio no seu casamento,
sim, ele “tem cara de poeta”.



É José Maurício Ambrósio, a quem hoje oferecemos uma prenda com seus “Textos de
encantamento para mim mesmo”, do seu livro UM PUNHADO DE COISAS, publicado
pela Semente Editorial; mas não ficará apenas nisso. J.Maurício Ambrósio é quem vai
estampar o nosso RETRATOS DA ALMA, no finzinho da semana, como nosso Persona
convidado.

Aí sim você entrará profundamente em contato, com “um punhado” do universo poético
e musical deste cara incrível, que já tocou numa banda de rock, a qual participou cantando
uma canção lembrada por apresentar um festival que colocou o Brasil no
cenário mundial da música. Quem não recorda, que atire a primeira pedra, do Rock in
Rio e de sua abertura:

“Que a vida começasse agora
que o mundo fosse nosso outra vez
que a gente não parasse mais de cantaaá

de sonhaaá
Uô ô ô rô
Uô ô ô rô”...

Aguardem a matéria - espetáculo, ainda pra essa semana ou no finde.
E agora, aprecie sem moderação e se encante junto com o poeta.
Por que esse blog é de partilha.

O inumano em mim
brota do fundo do poema
jorra sem marcar a carne
ou tencionar os músculos
um simples fluxo
intocado e intocante
sentimento limpo
muito próximo e tão distante
flores lindas que não se bordam
na branca toalha de pano
cresço e noto
dia a dia
que esse é meu lado mais humano

A liberdade em mim
simplesmente canta
sua melodia não reconhece prisões
não por não olhá-las
mas por não vê-las

não agride nem transgride
simplesmente canta
livre
A mim resta apenas
aprender quieto
a aceitar sua canção
acompanhar seu vôo
mesmo com os pés pisando no chão

A solidariedade em mim
é a sola da liberdade
por ela toco no mundo
caminho na via abstrata
sobrevivo
na forma inumana
sendo gás e fogo
ouro e prata
cruzando fronteiras de mim
em mim mesmo
da alegria do poema
à tristeza do poeta
do giro no círculo perfeito
ao equilíbrio da maravilha na linha reta

Não sei
de onde vem
o que escrevo

nem propriamente o que são
se poesia
terapia
ou simples ebulição
Sinto apenas
como espelho
onde me vejo inteiro
e reafirmo a intuição

Verso encantado
lâmina do leque
que tanto atiça a brasa
quanto espanta o calor
pétala dum desejo
que se abre como flor
Encantamento pra mim
é espiar em minha vida
o manuseio dos fios
achando dentro dela
no meio deles
o sonho pra aquecer ao meio-dia
mesmo com a panela no fogo
mesmo com a barriga vazia




Comentários

  1. Maneiro. Matéria do pinto. Meu amigo Zé, merece um reconhecimento desses. O cara nasceu pras artes e não pra fazer telespera (arghhhhhhh). Grato pela força Bit. Você é uma amoreca!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Dudu, tu e o Zé merecem muito mais! Qualquer dia fazemos uma matéria contigo também.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Retrato pra fechar ciclos

Sim, eu queria ser o “Magaiver”

Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos!