Um “punhado” e mais um pouco

Foto - Valéria Vianna 
 
Como prometemos na matéria anterior do Bloguinho, cá estamos com José Maurício Couto Ambrosio (J Maurício Ambrosio), esse artista multifacetado, com as poesias que são um encanto, com uma vida repleta de trabalhos super interessantes que trazem na alma também o dom para a música, o teatro, o cinema, a fotografia, o áudio-visual, enfim, é muita coisa que se você quiser saber um pouco mais da sua trajetória, pode acompanhar pelo breve histórico que ele nos passou gentilmente.   

Carioca da gema, esse aquariano de 63 anos tem culminado a sua história no livro que cordialmente me presenteou – Um punhado de coisas. Ele que realmente fez um punhado de coisas na vida, nos diz que “a tônica principal sempre foi a poesia existente no mundo – o sorriso no rosto do mundo”. Como vocês podem apreciar neste poema:

Ser Humano – Pequeno Poema Simples (16/09/2014)

Trago no peito um chamado

na vida sigo um traçado

fios do tempo cerzem fatos

tingem atos

moldam trilhas percorridas

ligam ações incompreendidas

aos gestos tramados

costuram os passos passados

mostrando que nada faltou

intenção comoção erro acerto e rock’n roll

do manto tecido com retalhos dessa intensa viagem

surge a trama de uma rica paisagem

onde vejo em cada segundo

um lindo sorriso bordado no rosto do Mundo.

 

Acho que assim trabalha o Tempo ...

tingindo jardins

tecendo momentos

misturando tanto os sentidos humanos

que às vezes em que me ouço vagando em meio às cores

provo-me quente

claro

calmo

gente

e perfumo como as flores

sou motivo para o belo

dou passagem ao profundo

vendo sempre o sorriso bordado

no brilhante rosto do Mundo.


José Maurício diz que não tem um único poema apenas que seja preferido por ele no livro, mas a mim tem um que me chamou bastante atenção, o Poema Místico Assimétrico Para Uma Mulher. Sobre esse o autor me diz que é um poema de que gosta muito, “mas não tem um que ache especial, vejo cada um expondo um pouco do punhado de coisas que sou, e é de verdade”.

Contudo, ele faz esclarecimentos importantes acerca de alguns poemas e do livro em si:

“No livro existem poemas, onde me expresso de forma mais direta como autor e como ser humano > Pneuma (que abre o livro) e os Textos de Encantamento Para Mim Mesmo”. Afirma que nunca chegou a estudar poesia. “Para ser sincero, li pouca poesia em minha vida. Elas surgem como forma de expressão poética, e essa é a ideia fundamental dos poemas com imagem, os Poemas Imaginados, a poética do mundo, poesia, sempre um pouco de poesia", destaca.

“Não que todos os poemas sejam assim, mas o que move a busca por suas imaginações é”, ressalta José Maurício lembrando que as letras de música sempre foram sua fascinação, e são até hoje. “Tenho feito umas adaptações de letras estrangeira como Poemas Imaginados”.

E são alguns desses “Poemas Imaginados” que vamos destacar pra você ouvir, ver e imaginar junto com a gente a seguir:



Acompanhe o canal de YouTube (JMauricio Ambrosio)

BREVE HISTÓRICO

Em 1976 entro para o Curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense, onde me aprofundo na arte da fotografia, vindo a atuar nessa área durante vários anos, comercializando material autoral e como fotógrafo de cena (still) em produções cinematográficas.

1978 – Tranco a matrícula na Faculdade de Comunicação para me dedicar ao teatro, participando,durante os próximos dois anos, de um grupo de criação coletiva, escrevendo e interpretando peças infantis apresentadas em espaços públicos da cidade, patrocinados pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro.

Em 1979/80 o grupo amplia suas atividades para a produção de textos e poesias reunidos na

Revista ENERGIA, publicada e distribuída, com sucesso, em livrarias e bancas alternativas. O movimento de poesia urbana, de mimeógrafo, era muito intenso nessa época.

1980/81 – Prosa e poesia tornam-se cada vez mais constantes, culminando com a criação conjunta do Teatro Relâmpago Show. Espetáculo único, naquele momento, onde textos de humor, poesia, misticismo, dança e música, autorais, misturavam-se atraindo e mantendo um grande público no teatro do Parque Lage (RJ), durante a temporada de 4 meses ali realizada. O Teatro Relâmpago Show também foi apresentado em festivais e simpósios de bioenergética, muito comuns pela cidade. Embora não tenhamos nos tornado um grande sucesso na mídia, dali surgiram vários outros trabalhos de performance artística.

1981 – Ano em que formei minha primeira banda de rock pós-punk; chamava-se Fauna Intestinal e eu era chamado de Vémi Ji (personagem vindo do teatro). O trabalho como vocalista me levou do Circo Voador até o primeiro Rock in Rio Festival, em 1985, onde gravei, cantando à frente do grupo Roupa Nova, o empolgante tema do grande evento. A experiência vivida como cantor me colocou diante um processo maravilhoso também existente no universo da música: a gravação.

1990 – Técnico de áudio, sonoplasta, na Rádio Universidade (RJ). Daí vieram estúdios, gravações e montagens, que me levaram a participar do aperfeiçoamento sonoro das, ainda iniciantes, esperas telefônicas (sua ligação é muito importante...), chegando a institucionais narrados por Cid Moreira.

E mais:

Seis anos como Técnico de Estúdio de Sérgio Dias; guitarrista, compositor e cantor, criador de Os Mutantes (Rio e São Paulo), trabalhando com ele em 03 cds, além de trilhas para televisão. A fascinação pelos processos de gravação digital que se consolidavam, levou-me pelos caminhos do áudio até a digitalização e restauração de materiais sonoros antigos e raros pertencentes ao Museu da Imagem e do Som e a Radio Nacional, ambos no RJ. Em 2005, a Visom Digital, estúdio onde trabalhei por muitos anos, foi contratado para recuperar, restaurar e masterizar um grande acervo de gravações sinfônicas russas, realizadas de 1930 ao início de 1990, tendo como objetivo a distribuição em cds exclusivamente na Europa. Nesse material mergulhei durante um bom tempo e desse envolvimento com a sonoridade das grandes orquestras veio a coroação de minhas habilidades na engenharia de áudio, participando do cd Violão Brasileiro, em 2006, gravando o violonista Turíbio Santos e Orquestra Sinfônica, na Sala Cecília Meireles (RJ).

Em 2015, já afastado dos estúdios de gravação, lanço a coletânea de poemas Um Punhado de

Coisas, pela Semente Editorial.

Durante o mesmo ano de 2015 são exibidos semanalmente pelo Site Bafafá Online, cultura e lazer, os 70 capítulos da primeira Aventura do Capitão Laucon. As Crônicas de Sarlene eram postadas semanalmente, apresentando detalhadas descrições críticas do Mundo altamente bizarro, existente no futuro comandado por conglomerados tecnocratas bastante desnorteados, onde ela, a jovem ativista Rita Sarlene Acuntsu, encontra o heroico Capitão Jorge Laucon Filho, nesta época bastante desnorteado também.

Em 2016 começo a escrever A Azia Interplanetária, uma segunda Aventura do mesmo Cap. Laucon que, na realidade ficcional, se passa antes do encontro com Sarlene. Diferente das Crônicas, a Azia aprofunda-se nos estranhos personagens surgidos daquela enlouquecida distopia futurista. Em 2018 dou por terminada a empreitada.

Em 2019, preparei um livro de contos - Passeando pelo Bosque dos Fantasmas (contos de mistério e entendimento) - e atualmente organizo material para um site autoral (textos avulsos, livros, poemas) que tem por título Adereços de Caos, ambos a serem lançados neste ano de 2020.

Foto - Valéria Vianna


 


Comentários

  1. Que punhado de coisas em 😀, e que exposição interessante, parabéns Rose e José Maurício

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    1. Obrigada Kcha e o próximo desta bricadeira és tu, meu querido. Muita grata pela valorização. E por visitar o Bloguinho 💛

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  2. Algumas das aventuras do Cap. Vérmi Ji eu não conhecia. Este Ser passou a vida procurando o sentido da vida, mas até agora só achou o cavaleiro que diz "Ni". Porém não desiste. Esta aí catando o significado para um punhado de coisas e agora deve lançar a continuação: Uma Porrada de Coisas.
    Valeu Bit! Mais uma matéria do pinto.

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