Mistura Fina
Será
que o Brasil tem cura?
Dito por Petra Costa, ainda no tapete vermelho, tem sim,
basta o povo brasileiro votar direitinho...
Ela não levou o Oscar no Dolby Theatre, no último
domingo, por Democracia em Vertigem, até por que tinha concorrentes bem fortes,
quatro dos cinco indicados eram dirigidos por mulheres, algo inédito na
premiação, mas levou e elevou o nosso (ainda é nosso) País lá fora. Venceu “Indústria
americana”, mas tá todo mundo falando em Democracia em vertigem; até protesto
teve no chamado pré-oscar.
Para os tosconaros, uma “obra de ficção e fantasia, para
os que têm uma visão um pouco mais elaborada, é um filme que mesmo não sendo
escolhido pela academia, a cineasta brasileira mandou muito bem, mostrando as
faces do golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff da presidência do País.
Se foi “uma carta de amor ao Brasil”, eu não sei, mas que
foi um belo recado, isso foi. Incomodou e mexeu na posição de alguns
privilegiados, como diria Padre Zezinho. Mas até meu ídolo religioso da adolescência
não é mais o mesmo no cenário do Brasil de hoje.
Assim como Petra, eu também sonhava com outro Brasil,
aquele que eu cresci nos bastidores da luta engajada de minha mãe, nos
movimentos e mobilizações por melhores salários e mais dignidade à classe
trabalhadora, no caso da minha mãe, os educadores e educadoras desse País. Sonhava
e víamos resultado na luta de classes, tão espezinhada atualmente.
Nós tínhamos
um sonho de democracia, e estávamos tão perto dele, com os governos de Lula e
Dilma. Valia à pena lutar. Por que de certa forma alcançávamos nossos
objetivos...
E agora vemos tudo descer ladeira a baixo, já no primeiro
ano de um governo fascista e estúpido que nem patriota é. Pois como disse muito
bem o Jornalista Ricardo Kotscho, estamos numa guerra, que não tem nem dois
lados, “tem um só, – é a guerra do governo contra 210 milhões de habitantes, incluindo os devotos do governo, que pagarão a conta com exceção de banqueiros,
militares, magistrados, milícias, bispos, pastores e empresários da Fiesp de
Paulo Skaf, uma casta minúscula que se deu bem com o chefe do Posto Ipiranga”.
E eu concordo com Kotscho, o resto só estorva. “Se não
fosse o povo e a imprensa não vendida, que só atrapalham, o Brasil já seria o
Japão imaginado por Bolsonaro e Alexandre Garcia, sem partidos de oposição, sem
sindicatos, sem índios, sem estudantes e professores, sem livros, sem negros,
sem cultura e sem mulheres independentes.
Eu também quero acreditar, assim como Petra, “que isso
não é da alma brasileira”. E ter que ouvir de algumas pessoas, “que político é
tudo igual, que todo político rouba. Isso é o segredo para a gente continuar
perpetuando desigualdades que a gente tem no Brasil”, disse ela em certo canal
digital.
Deve ter alguma maneira de resgatarmos nossa dignidade,
achamos que deva perpassar a arte. Só a arte pode salvar esse País da barbárie.
Mas aí vem o governo e fala que vai cortar verbas
destinadas à cultura e à arte, e já não sabemos em que patamar a terra de Vinícius
de Morais se encontra, no quesito salvação e cura de seus males. E o presidente
da República do Brasil, – “Japonês é uma raça superior e nós somos inferiores”...
E a gente que é blogueira fica assim parafraseando o
grande Mestre Kotscho, sim, “escrever todo dia não é fácil, mas ficar sem
escrever é muito pior”. Ele, se referindo a um contexto mais amplo, claro, mas
nutrimos da mesma solidão que dói demais e com muita indignação ao ver tanto
absurdo, tanta besteira acontecendo, "sem ninguém tomar uma providência, para
abrir logo as porteiras do hospício, trancar e jogar as chaves fora".
“A gente não quer só comida, a gente quer bebida,
diversão e arte”...
Comida – interpretação de Titãs
(Texto de Rose Bitencourt)
(Texto de Rose Bitencourt)
Oscar 2020: equipe de 'Democracia em Vertigem' faz protesto no tapete vermelho |
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