Entre o erotismo e a liberdade
Eu sou uma de suas leitoras das NOTAS DE CONTENÇÃO, postadas
atualmente ao vivo no Facebook, e foi por intermédio desses escritos que tomei
conhecimento da escritora Helena Tabatchnik.
Sob o pseudônimo de Anna P., escreveu TUDO QUE EU PENSEI MAS NÃO
FALEI NA NOITE PASSADA (lançado em 2014 pela Hedra) e DO AMOR E
OUTRAS BRUTALIDADES (ainda a ser publicado).
Helena agora está escrevendo no Facebook em função do período de
Pandemia. "Aproveitei pra escrever por aqui, já que virei uma escritora sem
livros por causa da pandemia", salienta comentando que "às vezes; já não tem
nada pra ser dito diante desse número de mortos, mais de 80 mil". No entanto,
espera que as NOTAS se transformem em um livro.
A escritora costuma mostrar pra muita gente quando está escrevendo um livro.
Para os amigos próximos e para os amigos escritores que admira. Ela diz que
suas idéias vêm da elaboração de traumas, basicamente. “Fico evitando que
determinadas experiências de violência me traumatizem irreversivelmente –
Uma das melhores formas de virar o jogo é escrever”, diz a escritora,
completando que “transformar vivência em experiência é a chave”.
Eu comecei a escrever essa matéria para o RETRATOS DA ALMA, ainda no
Dia do Escritor, 25 de julho (tive que interromper por problemas familiares),
retomei e fiquei muito contente por Helena ter me enviado o PDF de seus dois
livros. O primeiro eu já li na íntegra, devorei cada página. Não é um livro longo,
como sugere o próprio título. O segundo (que é uma sequência), eu estou
lendo mais devagarinho, porém com o mesmo prazer e intensidade.
O que posso dizer é que as obras de Helena são mesmo prazerosas e
intensas, pulsantes, no ritmo de sua vida, que como ela mesmo diz que é
corrida e, eu constato, nada banal ou comum.
A leitora ou o leitor de TUDO QUE EU PENSEI MAS NÃO FALEI NA NOITE
PASSADA entrará em contato com uma obra orgástica, viva, latejante e
libertária, mas também que expõe a dor e sofrimento causada por uma infância
de abusos. O assédio do pai e as agressões do irmão. Além de um
relacionamento que eu considerei tóxico, representado na figura do
personagem Paulo. Mas isso, cada leitor vai tirar suas próprias conclusões.
Prefiro me deter às libertas expressões das vivências de Anna P..
No trecho – “No lençol a marca do jato de sangue. Sim, eu ejaculo”, e – “Eu
nunca esqueci dos homens que lamberam meu sangue menstrual”, dá pra
sentir o tom e o gosto do desejo, do conhecer e ter o domínio do próprio
corpo. E são muitas as vezes que Anna P., a narradora, descreve suas
relações sexuais numa linguagem lasciva e picante, de um livro erótico, e eu
diria, muito sensual.
É uma leitura deliciosa para ser lida em casa, nessa temporada de
quarentenas. Se for lida em público, é possível notar o rosto corado do leitor.
Tanto TUDO QUE EU PENSEI MAS NÃO FALEI NA NOITE PASSADA, quanto
DO AMOR E OUTRAS BRUTALIDADES eram pra ter saído no mês de Maio
em volume único pela Nankin, mas pararam por causa da pandemia.
Sobre essa relação com o leitor on-line, Helena nos fala que por enquanto tem
atraído pessoas boas. Gente que chega para trocar, somar. Bons leitores."Mas
também tem algum assédio, às vezes inconveniente, por parte dos homens",
comenta dizendo que tem uma lista imensa deles nas suas solicitações de
amizade, mas que é muito mais flexível na hora de aceitar as mulheres.
Finaliza contando que conheceu outras pessoas que escrevem; também
psicanalistas; gente das artes plásticas, e que tudo isso tem sido muito rico.
Gente! E que rica Persona essa nossa entrevistada da semana!
Saboreie um dos trechos do livro “Tudo que eu pensei mas não falei na noite
passada”. Na sequencia as “Notas de Contenção" registradas no Face e um
poema do outro livro “Do amor e outras brutalidades”
TUDO QUE EU PENSEI MAS NÃO FALEI NA NOITE PASSADA
Vem pra cama logo, meu amor, não aguento mais esperar, Isso, me beija, Que beijo
delicioso, Isso, chupa meus lábios assim que eu adoro, Enfia a língua no fundo da minha
boca, Tesão, Isso, pega na minha bunda, Com esse beijo você pode tudo, ai, esse dedinho,
Você sabe que eu adoro quando você enfia o dedo no meu cuzinho, Pode enfiar mais, meu
bem, enfia mais, enfia tudo, Ai, meu amor, filho da puta, Enterra esse dedo aperta minha
bunda e me beija, Você vai querer comer o meu cu, não vai? Eu sei que vai, sinto sua
maldade, Pode comer, amor, você pode tudo, Se você enterrasse só mais um pouquinho
esse dedo eu dava tudo pra você, Assim, me aperta, me aperta mais, Que homem gostoso,
Vem pra dentro, meu bem, quero sentir você entrando em mim. Quer me chupar? Então
chupa, chupa que você sabe que eu fico toda tua, Olha como eu rebolo pra você, olha como
eu fodo sua boquinha, Assim, assim, Vou gozar, Chega, tira a boca por favor, Não quer
tirar? Quer chupar mais, canalha? Você sabe que assim eu fico toda obediente, Bota um
dedinho agora na minha buceta, só um dedinho, Vou por pra você, Isso, meu amor, assim,
Sei que você gosta quando eu rebolo, Enfia esse dedo, mais um, mais, Eu morro, Isso, suga
assim que vou gozar, Assim, aperta, aperta, Ai, que maldade, como você me maltrata,
cachorro, Diz o que você quer que eu faço, Quer que eu chupe? Quer a camisinha? Toma,
meu bem, Onde você vai meter, hein? Hoje qualquer lugar pra mim tá bom, Hoje estou
toda pra você, Quer que eu suba? Quer me ver montada? Então vai ver, meu bem, Vem cá,
vem, Calma, vou ficar só me esfregando até você implorar, Sei que você gosta, Eu também
gosto, Estou rebolando pra você, Isso, olha, olha bastante que eu rebolo mais, Sem pressa,
Deixa que eu ponho, Vou botar só a cabecinha, Olha como eu rebolo em volta dela, Adoro
essa sua cara de tesão, Está sofrendo, amor? Sofre não, É pro seu bem, meu bem, Deixa
que eu vou sentar de uma vez na sua pica contraindo minha buceta pra ficar bem
apertadinho, Geme, tesouro, geme que eu faço mais forte, Que coisa linda, você me
olhando assim, quase apavorado, Lindo, lindo, É pra mexer mais forte? Tá bom, meu bem,
Deixa eu segurar em você, assim, Minhas unhas estão machucando seu peito? Você tá
gostando, né? Vou apertar mais, Isso, geme gostoso, geme meu amor, que eu aperto mais e
te fodo com mais força, Ai que eu morro, Você vai gozar? Goza, filho da puta, Goza que eu
vou gozar junto,
NOTAS DE CONTENÇÃO 104
HIGIENISMO
1. Você reconhece que há um inimigo e ele é invisível;
2. Você lava as mãos;
3. Você reconhece que o inimigo é invisível e pode ser trazido pelo outro. No caso, qualquer
não Eu;
4. Você se isola em sua pequeníssima comunidade, lava as mãos e toma muitos banhos;
5. Você esteriliza tudo e se purifica obsessivamente para evitar o mal invisível que vem de fora.
No caso, qualquer lugar que não o seu;
6. Você acredita no messias e lava as mãos;
7. Você acompanha os milhares de mortes como algo distante da sua segurança doméstica, e
lava, lava as mãos;
8. Você começa a enlouquecer em seu ambiente seguro;
9. Você começa a sentir imensa nostalgia de um tempo em que a vida era melhor;
Soneto submerso
Meu náufrago tem olhos frágeis
Doídos, cílios compridos
Um procura algum sentido
O outro sente, impotente
Meu náufrago me submerge
E quero levá-lo à tona
Mas usa pedras nos pés
E vive na subzona
Respiro água faz tempo
Ando no fundo do mar
Com as narinas tapadas
E os olhos marejados
Porque não basta o amor
No abraço dos afogados
Ual de tirar o fôlego parabéns...
ResponderExcluirShow né Paulo! Obrigada pelo retorno 💛
ExcluirMaravilha!
ResponderExcluirAgradecemos 😍
ExcluirÉ sem rodeios. Um texto de carne.
ResponderExcluirMuito boa definição, Paulo 😈
ExcluirMais uma ótima matéria. Adorei!
ResponderExcluirMuito grata Dudu!
ExcluirShow... bloguinho pegando fogo!! Muito bom!! Parabéns!!
ResponderExcluirSim amada, incendiei o Bloguinho kkk
ExcluirHuuuouuu
ResponderExcluirQuando início uma leitura de poemas do João B.do Carmo já sei que novas emoções vão vir para baixar o negativo dos dias atuais. Obgda poeta por esse lenitivo
ResponderExcluirBacana demais.
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