Estarei usando máscara tigrada

 

Novos tempos, novas normas. Em plena pandemia, quarentenas, isolamento social, muito álcool gel e, eu tinha um encontro. Mas não era qualquer encontro. Era uma ocasião em especial, para entregar o livro da Antologia Poética Essência Feminina, na qual fui selecionada com dois poemas meus.

Meu primeiro leitor, fora do círculo familiar, mas que mora a apenas 9km, na cidade vizinha, tinha que dar uma passada na minha cidade, por conta do seu trabalho e queria muito conhecer a escritora que conversa apenas virtualmente, através das redes sociais.

Nada fora do comum, não fosse a época turbulenta em que estamos vivendo, com os números de contaminados pelo Corona Vírus aumentando a cada dia, até nas nossas cidades pequenas.

Eu tive que pensar muito se aceitava, se tinha cabimento tal encontro, por que para comprar o livro, o leitor poderia simplesmente fazer um depósito na minha conta ou na conta dos organizadores da Antologia. Depois o livro seria enviado no meu endereço para que eu pudesse autografar e fazer a devida dedicatória. Algo que eu também estou esperando receber pelos Correios, dos livros de escritores, que eu adquiri as obras ou, que me presentearam com as suas, e eu retribuo escrevendo matérias e reproduzindo entrevistas aqui mesmo no blog.

Muita manobra, né gente, pensei cá comigo. Contudo, J. quis me tranquilizar dizendo que usaria de todos os cuidados necessários de prevenção do Covid 19, que manteria uma distância segura, pois tinha mesmo muita vontade de me conhecer de perto.

Aceitei o pedido né gente. Não sem antes informar por telefone que estaria usando máscara tigrada, em outros tempos seria a descrição da roupa, mas agora, enfim, é a máscara. Ele, no caso disse que estaria com uma branca, bem básica, descartável.  

E marcamos o encontro, num local público, numa lancheria conhecida aqui da minha cidade, afinal, vai que é algum tarado, maníaco? Não, eu não cheguei a cogitar isso, com as várias conversas trocadas pela internet eu estava confiante de que se tratava de uma pessoa do bem. De bem, é outra coisa. Mas não custa nada se precaver.

Eu fui tão nervosa gente, vocês não tem ideia da minha tensão, se em tempos normais eu já não me comunicava com pessoas desconhecidas fora do ambiente familiar, imagina agora na pandemia. Faz tempo que to meio bicho do mato, como diz minha mãe. E em bares ainda, um território distante da minha realidade, muito em razão de que faz aproximadamente três anos que parei de beber, por que sou uma doente alcoólica. Tenho que evitar o primeiro gole, senão adeus recuperação. E ainda pra piorar estava me sentindo como se tivesse cometendo um crime, eu que só saio de casa para ir ao mercado, farmácia e eventualmente pagar contas na lotérica.

Contei tudo isso para J., inclusive meus males da alma, a depressão, a bipolaridade, enfim, os problemas que acometem meu ser. Ele já um senhor na casa dos seus 60 anos, não se admirou e compreendeu perfeitamente minha situação.

Falamos brevemente do livro, do mundo literário, das relações virtuais em tempos de pandemia. Eu estava com apenas um exemplar da obra, e por isso J. encomendou a sua para chegar com os próximos pedidos, até por que, alguns amigos queridos também querem adquirir o livro também com minha dedicatória.

Eu estou contando tudo isso, por que não sou, nem nunca fui hipócrita e, quero deixar esclarecido, que isso que fiz não deve ser um ato corriqueiro nessa época. Eu tomei todos os cuidados ao fazê-lo, mas não recomendo tal atitude. Por isso, se você puder fique em casa, use máscara, proteja a si mesmo e aos outros.

Hashtag fica em casa.



 


Comentários

  1. Calma baixinha, a máscara tigrada te salvou rs

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  2. É isso aí, Bit. Temos que nos preocupar com esse maldito ser microscópico, mas não podemos ficar enjaulados em casa como animais acuados. Caso contrário, a gente pira. O encontro valeu a pena? O importante é a resposta.

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