Versejar é preciso



Florbela Espanca a alma




Para os sofridos de coração e alma rasgados, aconselho Florbela como confidente identificação. A escritora portuguesa, Florbela Espanca, sonista excepcional, expressa suas emoções em “linguagem telúrica, de imagens fortes, impregnadas de verdade física e arrebatamento”. (Martin Claret)
Poetisa de um lirismo fortemente marcado por sua terra, soube colocar em versos de aparência parnasiana, o erotismo e a liberdade que expressou e assumiu pioneiramente na obra como na vida.

Ser poeta


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

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