Blog do pote
OS DOIS PAPAS DAS MUITAS IGREJAS
Gostei da estética do filme de Fernando Meirelles, "Dois Papas". E só.
De resto, o filme é recheado de concessões e facilitarismos vulgares. Exemplo: a música pop que procura dessacralizar o profundo tema teológico-institucional e apela a Abba, pegando pesado no açúcar de confeiteiro, entre outros.
Igualmente na insistência da mundanidade de Bergoglio com o clichê do futebol, do tango e um lanche de pizza em pé-sujo de Roma. De quebra um merchandising grosseiro da Fanta, a bebida nazi que foi comprada pela Coca-Cola USA.
Meirelles apresenta a bebida nazi, mas esquece de informar que Ratzinger foi da juventude hitlerista e militou no exército de Adolfinho. Talvez a Fanta seja algum "rosebud" para evocar remotamente o capítulo obscuro da vida do grande intelectual da Congregação da Doutrina da Fé (o nome moderno da velha Inquisição).
O roteiro de "Dois Papas" é um constante pêndulo roçando o passado dos dois príncipes da Igreja. Mas foge do ponto exato que divide o alemão do argentino, salvo no futebol. A teologia e as omissões criminosas da burocracia da Santa Sé são resolvidas por imagens e boutades do mundo futebolístico, uma espécie de cartola de mágico a evitar os espinhosos temas da diferença entre os papas vivos.
Assim, os dois mil anos de um dos Estados mais influentes da humanidade - o Vaticano/Santa Sé - ficam sordidamente diluídos nas negaças (algumas inteligentes) do par de protagonistas.
A Igreja Católica é muito complexa e portadora de um caleidoscópio mutante de contradições e dogmas religiosos. Reduzir tudo isso a 120 minutos de uma conversa de velhos compadres constitui ato temerário e leviano.
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