Psicografias de Morfeu

Capitão cigano do amor

Eu estava fazendo selfie, sentada à mesa de um restaurante. Veio o garçom, e eu que tinha pedido Macarrão à Bolonhesa, reclamei do preço da carne moída, do “guisadinho” que estava pela hora da morte... Foi nesse momento que avistei um charmoso homem de meia idade, que usava chapéu Panamá e calças brancas de linho fino. Foi o que pude reparar, para além daquele olhar que me despia toda, mesmo estando acompanhado de uma mulher bem fornida, porém não muito bonita, segundo meus critérios de beleza.

Mais alguns instantes e eu saí pra fumar um cigarrinho e fazia fotos do local que era muito bonito. Eu usava um shortinho jeans, cravado na bunda e uma blusinha preta com estampa da Betti Boop, adorava essa personagem fictícia.

Ele veio por trás de mim e falou quase sussurrando em meu ouvido, – uma mulher bonita e sensual como essa não combina com cigarro. Ao que respondi, – um homem tão elegante, acompanhado, não combina com flertar com outra mulher... E rimos os dois daquele momento.

Terminei o cigarro, pedindo licença para voltar à mesa, pois queria me servir da sobremesa, minha preferida, mousse de Maracujá. Mas um conquistador daqueles, não podia deixar aquele momento passar em branco e, antes que eu me retirasse, pediu o meu número de telefone celular, caso eu me perdesse do se olhar lancinante.

Quando perguntei seu nome, ele me disse apenas que as meninas o chamavam de Capitão, mas na verdade, era sargento reformado do Exército Brasileiro.

Alguns dias depois, entre nossas conversas por Whatsapp, ele me contava que sofria de Bipolaridade e tinha uma doença rara e auto imune, a Síndrome de Beçet, mas em resumo queria mesmo me contar, que apesar de fazer uso de tratamento psicoterápico, entrava em picos de euforia extrema, o que fazia com que tivesse uma sexualidade exacerbada e fora do comum. Disse também que por isso, se transformava num “cigano do amor”, ou seja, dificilmente conseguia se relacionar com apenas uma mulher e seus relacionamentos era fugazes como a mudança do vento.

Achei graça naquilo e logo fui dizendo que era uma pena não ser oficializada a poligamia no País, mas que tinha ouvido falar na mídia, duma União Estável entre um homem e duas mulheres. Não contei pra ele que também achava normal o contrário...

Ele me falava que isso era sonho de uma vida dele, e ficou encantado com minhas posições pouco ortodoxas a respeito do casamento.

Àquelas alturas o Capitão já estava num outro relacionamento, com outra mulher, mas confidenciou para mim, que não parava de pensar na hipótese de eu conhecê-la e ver se tínhamos algo em comum. Dizia que era encantado por bundas femininas e que a minha era na proporção exata do seu desejo.

Embora tivesse insistido muito para que fizéssemos sexo virtual, eu resistia aos seus apelos, mas me masturbava no chuveiro, pensando no meu Capitão. Como seria se realmente eu topasse um relacionamento a três, e imaginava aqueles casamentos árabes em que os homens podiam viver maritalmente com várias esposas.

Confesso que aquilo me despertava certo frissom, até que numa noite quente de verão, eu acordava de um sonho erótico com o Capitão, bem naqueles moldes que ele imaginava se relacionar comigo.

Entrei no Whats e contei-lhe o acontecido, e claro, ele queria muito que eu contasse o sonho pra ele. Eu disse que iria fazer um conto sobre isso e assim, ele saberia se havíamos transado ou não. Mas sonho é sonho, e a gente sempre acorda na melhor parte, depois que eu e sua namorada fazíamos uma excitante dança do amor, e ele ia começar a nos despir completamente; eis que acordo com o barulho do cortador de grama do meu vizinho. Detesto cortador de grama, ainda mais com aquele barulho de motosserra. 

E agora pra saber como de fato tinha sido a nossa transa dos sonhos, só conhecendo pessoalmente o nosso Capitão cigano do amor...


Comentários

  1. Mas Bah! Coisa de quem tem sensibilidade à flor da pele, poesia no olhar e no pensar, tesão pela vida e amor pelo amar. Coisa de gente doida de tão boa e boa de doidar.

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    1. Considero um elogio então? rsrsrs Pra escrever assim, bem normal a gente não é...

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