Psicografias de Morfeu

Moddes e souvenirs

 Sei que eu estava com um homem, que não lembrava o nome. Esse homem era casado e eu havia "ficado" com ele.

Devia ser uma outra época, por que policiais tinham descoberto o que eu fiz com o homem e por conta disso eu fui conduzida a um presídio feminino.

Antes de eu entrar, eles disseram que eu devia cortar meus cabelos, que só estavam pelos ombros.

Eles me informaram que eu podia solicitar ajuda para o corte de cabelos com minha tia Evinha, que morava num bosque.

 Fui até lá aos prantos e expliquei a situação para a tia, que se mostrou muito solidária. Cortou meus cabelos igual de guri, usando máquina 2. Até achei bonito.

 Me colocaram no camburão e cheguei até a cela. Já me via mais livre, num espaço de área comum de lazer. Estava meio sujo e com outras presas.

Estávamos nos preparando para jogar uma partida de Futebol. Eu demonstrava estar triste com.o resultado do meu cabelo e também muito preocupada de como iria suportar o cárcere sem cigarros. Ainda bem que antes de ser levada, eu catei um cigarrinho pela metade lá na tia. Ri sozinha, ao verificar que tinha guardado no sutiã.
Também não podia usar absorvente íntimo, não sei por quê. Só sei que pedi pra ir no banheiro pra tirar o meu "moddes" por que antes, eu já havia contado pras outras presas, que no caso de ficar sem absorvente, isso não era problema pra mim, já que não menstruava mais. Eu usava apenas um absorvente diário, para se proteger de possíveis bactérias.

Estava muito preocupada com meus remédios em falta, expliquei que tinha muitos problemas de saúde e por isso não podia ficar sem os medicamentos controlados. Pelo menos devia ter um pra insônia. 

Passaram-se treze dias e eu só tinha remédio pra dormir, mesmo...
 Nós íamos jogar futebol, vestidas apenas de biquíni e eu apavorada, por que naquele dia usava um absorvente. Pedia então aos carcereiros pra ir ao banheiro. Fui, e dei a descarga no "moddes". Passou-se mais um tempo e eu já achava que poderia morar por ali para sempre. De tão adaptada, habituada que estava naquela situação. Me relacionava muito bem com as demais presas. E elas demonstravam toda a empatia por mim.

A única coisa que me incomodava era a falta dos remédios pra depressão. Por isso chorava muito. Só diziam que ia chegar. Só Deus sabia como. Além disso sentia muita vontade de tomar chimarrão e fumar.

Despertei no meio de uma negociação com os carcereiros, justamente pra isso. Consegui, por bom comportamento.
Fumei aquele cigarro e foi a melhor sensação do mundo. Melhor até que um orgasmo.
Chimarrão seria o Nirvana.

Disse então aos carcereiros que eu podia trocar os moddes por cigarros. Acordei sem a resposta.
Texto de R. Bitencourt

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